A CTB vai trabalhar, neste período, sobre o signo de
FRONTEIRAS, depois de no quadriénio anterior, termos estado sob o signo de
Liberdade e Solidão. A CTB organizou o seu Programa em cinco domínios
específicos de Actividade, articulados entre si, numa coerência estratégica que
se prolongará neste espaço temporal:
1. A Criação Artística teatral, domínio de actividade
nuclear, manterá um ritmo médio superior a quatro criações/ano e a manutenção
de 10 reposições/ano em repertório, garantindo um equilíbrio e diversidade
assinalável de dramaturgias, autores, encenadores e artistas nacionais e
estrangeiros convidados.
2. A Formação de Públicos, continuará estruturada no
âmbito do BragaCult.3- dar a volta à cabeça! Projecto em parceria, com várias
instituições da Cidade e que nas suas múltiplas Oficinas aproveitará muito das
relações internacionais da CTB. É relevante neste domínio, o projecto de
Residências, para jovens artistas, nacionais e estrangeiros, e outras acções no
âmbito dos Media Arts, desenvolvidas por Maria Augusta Produções
(departamento específico da CTB).
3. e 4. A Viagem, refere-se à Circulação nacional e
internacional da CTB e ao Acolhimento, que integra na programação da CTB no
Theatro Circo, e nos teatros das cidades de Barcelos, Ponte de Lima e
Felgueiras, todas as estruturas nacionais e internacionais. Domínios de enorme
importância na articulação dialogante com a Cidade e a Região. É relevante o
número de representações que a CTB realiza por ano, na Cidade, na Região, no
País e noutros países, como o não é menos, quanto ao número de espectáculos
nacionais e internacionais que acolhe.
5. A Edição, domínio abrangente das actividades de
Criação, Formação e Viagem que, sendo complementar, é relevante no contexto e
para o acervo histórico e documental da CTB.
Em todas estas áreas a escolha da temática, autores,
textos, dramaturgias em que assenta, procurarão reflectir sobre a temática
Fronteiras e Lugar da Cidade e do Cidadão no actual contexto. Com a Palavra e o
Corpo dos Actores. A criação artística da CTB pretende dar testemunho dos
tempos que vivemos, quer abordemos os clássicos ou os contemporâneos. E, nestes
tempos de guerra declarada, dos governos contra os povos, mais responsabilizam
os criadores. Há hoje, neste tempo da pós-verdade, uma preocupante e trágica
desvalorização da Palavra, seja no plano político, seja no plano ético.
Coisifica-se e relativiza-se tudo e tornamo-nos irresponsáveis por isso. Como a
Palavra, também os conceitos de trágico e do drama, atingem neste ínterim uma outra
compreensão, perdendo a dimensão ontológica do Humano para se estatelarem na
dimensão de reality show. Depois da Segunda Guerra, talvez a Europa e os
Cidadãos europeus nunca se tivessem imaginado tão perto de uma nova ideia de
tragédia. Agora já não entre deuses e homens, mas mais profunda e dolorosa, que
interroga cada um e a que, talvez, pela surpresa já não saibamos responder nem
a quê, nem a quem.
Rui Madeira